Marcelo Dourado: Disciplina nas lutas e na vida ♥

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Ontem, dia 9 de setembro, no  está aconteceu o evento  Coliseu Extreme Fight, no  Ginásio do Sesi, em Maceió, onde reuniu grandes nomes do MMA pela luta do cinturão. Fazendo parte dos grandes nomes que participaram do evento, está o lutador de MMA e vencedor da 10ª edição do Big Brother Brasil, Marcelo Dourado.

Em entrevista que ele deu há uma semana do início do evendo ao site do Coliseu Exttreme Fight, Marcelo Dourado fala sobre o início da paixão pelas artes marciais, como enfrentou a infância cheia de preconceitos e como enxerga o esporte hoje em dia.

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COLISEU- Como começou sua história nas artes marciais?

MARCELO DOURADO- Comecei por necessidade.  Quando eu era pequeno, o bairro onde eu morava era alvo de assaltos e brigas de gangues constantemente. Estudei sempre em escolas públicas, e isso significa brigas no final do período. Somado a este cenário, minha mãe era professora de dança, e eu, aluno. Isso dava margem ao que hoje chamam de BULLING, mas na minha época era chamado de “encrenca”. Não entendia o mundo masculino nesta época, muito menos de luta, por isso, apanhei por quase uma década, até ir morar com meu pai. Eu tinha quase 9 anos de idade, quando pedi a meu pai, que já era faixa preta de karate shotokam, que me ensinasse os segredos do caminho das mãos limpas. Foi um ano de dedicação e estudo para a arte oriental. Eu e meu pai abrimos uma clareira na mata, treinávamos formas, katas e kumites, depois tomávamos banho gelado no rio que cortava a fazenda. Quando voltei a morar com minha mãe, me matriculei no judô, onde conheci meu sensei Fernando Lemos, que se tornou meu segundo mestre e grande incentivador do MMA, na época em que ainda era vale tudo. Comecei a treinar artes marciais mistas desde garoto, primeiro para me defender, depois para competir, e foi assim no judô, no MMA, no shorinji, no jiu-jitsu e em todas as artes que pratiquei.

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COLISEU - Qual tipo de arte marcial você mais gosta de praticar?

MARCELO DOURADO - Na verdade sou um apaixonado, melhor, um nerd de artes marciais. Acho que o equilíbrio entre as diferentes artes é o que mais gosto. Para mim o judô e o jiu jitsu se completam, uma vai onde a outra não tem tempo de explorar. Considero a mesma arte, com enfoques diferentes. O boxe e o muay thai me dão velocidade e deslocamento, fora a noção de ataque, distância e defesa em pé.

Penso também que tenho que treinar sem kimono, então o grapplingf e a luta olímpica também fazem parte do meu treino, e eu gosto.

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COLISEU - Qual a importância do esporte em sua vida?

MARCELO DOURADO – Toda importância. Não sei onde estaria sem as artes marciais, sua disciplina, círculo de amizades e oportunidades geradas.

Me criei muito nas ruas, estudei em escolas públicas a vida toda,  e além da violência que circundava, as promessas de dinheiro fácil ou crime sempre estiveram presentes na minha infância e adolescência. Muitos tinham as artes marciais como referência e com certeza isso fez a diferença. Nunca fui agressivo, mas sim de uma energia interminável. Sempre fui muito contestado e irônico, o que já é o bastante para ter a fama de encrenqueiro, fora minhas visitas frequentes ao SOE (serviço de orientação educacional). Mas podem ter certeza que, apesar de ter sido um adolescente com problemas de comportamento, esse comportamento era domado aos poucos pela disciplina imposta e o amor que eu sentia pelas artes marciais. Queria ser um grande lutador, ensinar como meu professor, defender meus entes queridos e aumentar minha autoconfiança.

Entrei em uma faculdade pública, incentivado pelo conhecimento que poderia agregar ao que já tinha em relação às lutas. Estagiei no judô durante 3 anos e para 4 senseis. Em todas as cadeiras fui monitor, e conseguir pagar minha primeira moto com isso, e estagiei em creches da capital gaucha, enquanto estudava e me preparava para minha formatura. Quando recebi meu canudo, iniciei minha jornada como lutador de MMA profissional, o que me abriu muitas portas, e uma delas foi a de participar do Big Brother Brasil (BBB) 4. Ninguém sabe disso, mas o que coloquei na minha fita de inscrição para o programa foram partes de minhas lutas de vale tudo amador e profissional. Dou aulas a mais de 25 anos, antes em Porto Alegre e agora no Rio de Janeiro e pelo Brasil. Fora isso ministro palestras e seminários. Por isso minha vida se resume ao meu comprometimento com as artes marciais.

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COLISEU - Em sua opinião, quais as maiores dificuldades do esporte?

MARCELO DOURADO - O que falta é apoio, mas com uma base concreta. É preciso regulamentar a profissão, sem cartolas se aproveitando da situação; ter projetos sociais na área de esporte, para dar credibilidade social ao nosso esporte. Isso ainda não existe, pois esbarra em outro problema, que é o preconceito e as barreiras impostas por formadores de opinião, pessoas mal informadas ou mal intencionadas que não quer perder espaço, lógico. Falo isso não somente no MMA, mas em todas as artes marciais. Todas merecem respeito e apoio. Apoio que dure, e não apenas quando o atleta já é campeão mundial ou nas vésperas de olimpíadas, e isso não dura mais que três meses, depois some. Essa é a realidade que vivemos e temos que mudar. Lutadores se desvalorizando na esperança de um dia lutarem em eventos internacionais, e com isso vão perdendo saúde, tempo e dinheiro em muitas das competições que não levam a lugar algum. Precisamos de eventos sérios, como o Coliseu, para dar exemplo de eventos bem realizados, investimentos mais abrangentes, de várias áreas e não só as ligadas a luta.

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COLISEU - Você participou duas vezes de um reality show, se consagrando campeão da 2° vez.Que filosofia do esporte conseguiu levar para dentro da casa e de que forma o fato de você ser um atleta ajudou, seja na convivência com os participantes, ou nas provas de resistência?

MARCELO DOURADO - Me ajudou muito no aspecto de disciplina e auto-controle. Quando você tem disciplina para lutar, mesmo estando sem vontade ou cansado, naqueles dias que chove ou faz frio, você vai para o treino, porque tem o hábito e a responsabilidade de ir. É mais ou menos isso. O BBB é difícil, muita pressão psicológica e tédio ao mesmo tempo. Mesmo sendo uma pedreira, você sabe que tem que ter força e permanecer ali, um dia depois do outro, uma hora após a outra. E o auto- controle é importante pra manter o equilíbrio, sair com bom humor de tentativas de provocação, não gritar ou dar tabefes em alguns(risos). Falando sério, a pessoa que pratica artes marciais tem o dever de ser controlado, e utilizar a força física apenas para se defender nesse nível, jamais pra ganhar discussões. Já as provas, na real, eu só fiz uma de resistência e fiquei até onde não aguentei mais, mas foi mais para testar meu limite, não tava preocupado em me livrar do paredão ou ser líder. Já nasci um, e medo de paredão nunca me tirou o sono lá dentro. Agora, ficar fazendo papel de bobo em todas as provas, pra divertir instintos sádicos de alguns, jamais.

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COLISEU - A visibilidade que você ganhou com a fama, trouxe benefícios para sua vida de atleta? De que forma?

MARCELO DOURADO – Não. Para vida de atleta, não.Nosso país tem o péssimo costume de se aproveitar de situações. Em caso esportivos, aproveitam eventos e pessoas, e ajudam por um tempo determinado, e por baixo valor, muitas vezes. Minha carreira de atleta é difícil como a de qualquer um, sem incentivos. Cansei de dar moral para marcas alheias e criei a minha. Eu me patrocino, e ponho minha marca aonde eu for, mas vida de atleta e lutador no Brasil é osso..

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COLISEU - Você já atuou como lutador, técnico, produtor e árbitro.Qual o papel que mais gosta e porque?

MARCELO DOURADO - Lutador sem dúvida. Mas a idade tá pegando, tenho artrite e artrose em todos os dedos da mão, duas hérnias de disco e mais um monte de coisas pequenas. Vou continuar lutando jiu jitsu, mas sempre fui atleta de judô e competia toda hora, foi muito bom. No MMA ainda quero fazer uma boa luta, de despedida, com uma bolsa satisfatória e num evento grande, para encerrar numa boa minha carreira. Mas atuar como professor (técnico) sempre esteve nos meus planos. Sou formado em educação física e vou terminar tendo minha equipe em breve. Como árbitro, espero ter uma carreira promissora, porque é muito legal ver a luta desse ângulo. Como promotor, é um espaço novo, e estou aprendendo ainda, mas já estou gostando demais.

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COLISEU - O que você espera do Coliseu e o que acha de iniciativas como esta?

MARCELO DOURADO - Acho que grandes eventos, bem organizados, valorizam o atleta. Ter grande visibilidade é um dos caminhos para desenvolver o esporte e divulgar o lado bom do evento, como o cara que sustenta a família e é um bom cidadão, e tem a oportunidade de melhorar de vida lutando. Desejo boa sorte e sucesso para o Coliseu, na real, boa sorte para nós, lutadores, organizadores, juízes e árbitros.

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Entrevista concedida ao: Coliseu Extreme Fight

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Veja também a entrevista de Marcelo Dourado na pesagem dos lutadores do Coliseu.

 

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Marcelo Dourado – Abitrando no Coliseu.

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"Um dos melhores eventos que ja vi aqui no Brasil, bem organizado, galera educada, guerreiros de elite, cidade lindíissima. Agradeço de coração ao povo de Maceió, gente finíissima, recomendo. E aos organizadores do Coliseu parabéns pelo espetaculo de primeira". Marcelo Dourado sobre o Coliseu Extreme Fight

Pra os fãs, sugiro visitar o site do FC Marcelo Dourado

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Para ver mais  sobre a participação de Marcelo Dourado no Coliseu visitem o site do Fã Clube Marcelo Dourado. CLIQUE AQUI

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