BIAL: Maria é um fenômeno por seus próprios méritos, pessoais, intransferíveis e incomparáveis. Seu encanto não vem apenas de seus atributos físicos, sua graça, seu charme, seu sorriso luminoso. Maria é de verdade, e se entregou totalmente à brincadeira, não ficou regulando. Esqueceu as câmeras e viveu, intensamente, a vida compactada em três meses que é o BBB. Isso é que é “jogar bem”, e não ficar contando votos, tramando estratégias para não ir ao paredão, ou fazendo histrionices e canastrices. Daniel também teve o mesmo nível de entrega e intensidade.
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Entrevista de Bial publicada na Revista da TV deste domingo. Leia na íntegra:
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O GLOBO: No início do BBB 11, há quem tenha criticado o time de participantes desta edição. No entanto, nesta reta final, temos Daniel, Maria, Diana e Wesley, que são tipos completamente diferentes entre si. Qual sua impressão sobre eles?
PEDRO BIAL: Depois de uma edição especialmente bem sucedida, como o extraordinário BBB 10, o efeito contraste é especialmente implacável. Foi assim com o BBB 4, depois do BBB 3 de Dhomini e Sabrina; foi muito assim com o BBB 6, depois do fenomenal BBB 5 de Jean Wyllys; foi assim com o BBB 8, depois do sensacional BBB 7 de Alemão. No BBB 6, Rafael Valente e no BBB 8, Dr. Marcelo carregaram o programa nas costas. Nessa edição, Maria e Daniel foram tais estrelas, protagonistas “carregadores de piano”. Acho muito surpreendentes porém muito reais as chances de Wesley e Diana.
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O GLOBO: No BBB 10, a oposição homofobia-heterofobia permeou boa parte das discussões sobre o programa. Neste ano, a misoginia ocupou este espaço?
BIAL: No discurso de premiação de Jean Wyllys - os finalistas eram 2, Jean e Grazi -, no BBB 5, eu disse isso: antes da homofobia, está a misoginia. No playground, a primeira ofensa entre os meninos é “mulherzinha!”... No caso dessa edição, acho que foi mais falta de traquejo, pouca vivência dos homens da casa, do que misoginia. Moços...
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O GLOBO: O trio Diogo-Maurício-Rodrigão rendeu material para a edição, parte por sua amizade ferrenha, parte por conta de um comportamento aparentemente machista, misógino. Como você enxerga os três no jogo e fora dele? Até que ponto a volta de Maurício fez o jogo andar - ou retroceder?
BIAL: Maurício, principalmente depois da volta, e, a partir daí, de carona Diogo também, vampirizaram Rodrigão. Quase comprometeram o nosso pavão irremediavelmente, mas parece que ele deu a volta por cima, com estilo. Maurício voltar? Os bróderes ficaram com medo de fantasma, o que seria previsível, e Maurício comportou-se como um zumbi, o que foi mais inesperado, um pouco.
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O GLOBO: O que você acredita que falta para que uma mulher volte a se sagrar campeã?
BIAL: Visão de jogo é só uma parte de saber jogar. Uma parte bem be-a-bá, básica, a propósito. A intuição dá conta dessa parte, quem perde muito tempo com isso é "pereba". Para uma mulher ganhar, tem que prevalecer a entrega, o encanto, o desvario e devaneio. No BBB, a vida também é sonho. Sem fantasia, não se atravessa o jardim...
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O GLOBO: Como você lida com os imprevistos ao vivo, como no caso da primeira prova do líder?
BIAL: Essa é uma das belezas do circo, a presença do erro. Sim, o gosto pelo risco é uma marca do Big Brother Brasil. O que me incomoda é quem quer fazer televisão, ou jornalismo, ou medicina, ou direito, literatura ou culinária de forma protocolar.
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O GLOBO: No dia seguinte à final do BBB 11 teremos exatos 169 ex-participantes do programa, somando todas as suas edições - um número que supera, e muito, o de algumas profissões oficialmente registradas no Brasil. O que seria o ofício "ex-Big Brother", na sua visão? Como você enxerga a vida pós-BBB para quem participa do programa?
BIAL: Tenho compaixão dos ex-BBBs. Há que se reinventar e é preciso um bocado de imaginação e mais: grandeza para lidar com o preconceito e o estigma. Quem tem o que dar, dará. Quem não tinha mesmo, em primeiro lugar, que vá estudar, trabalhar, se esconder, ou viver de lembranças...
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O GLOBO: Maria é um dos destaques desta edição?
BIAL: Maria é um fenômeno por seus próprios méritos, pessoais, intransferíveis e incomparáveis. Seu encanto não vem apenas de seus atributos físicos, sua graça, seu charme, seu sorriso luminoso. Maria é de verdade, e se entregou totalmente à brincadeira, não ficou regulando. Esqueceu as câmeras e viveu, intensamente, a vida compactada em três meses que é o BBB. Isso é que é “jogar bem”, e não ficar contando votos, tramando estratégias para não ir ao paredão, ou fazendo histrionices e canastrices. Daniel também teve o mesmo nível de entrega e intensidade. No entanto, pode ser que nenhum dos dois seja o vencedor.
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O GLOBO: Ariadna teve uma passagem incompleta pela casa, a seu ver? Acredita que ela poderia ter mostrado mais ou que não soube aproveitar o pouco tempo que lá teve?
BIAL: Ariadna, a pequena sereia, já foi corajosa demais em topar entrar no jogo. Era uma situação dificílima, delicadíssima de se sustentar. Mas não foi de forma alguma uma passagem incompleta. Ela cumpriu o seu papel.
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O GLOBO: Wesley e Adriana entraram no BBB marcados para morrer. A rejeição por parte dos outros brothers já era esperada. Mas Adriana saiu e Wesley permaneceu. Como você vê a passagem dos dois pelo programa? Onde um errou, e onde o outro acertou?
BIAL: Posso estar enganado, mas penso que a torcida de Rodrigão não aprovou sua namorada, uma menina tão linda quanto jovem – quase da idade da fã-padrão de Rodrigão. Wesley se beneficiou de ser um rapaz polido em meio a uns homens por vezes grosseirões. Wesley tem chances de ganhar.
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O GLOBO: A figura do Sabotador foi deixada de lado ao longo da edição. A desconfiança que ele causou nos brothers era pouco perto dos outros estresses do confinamento?
BIAL: Esta é uma boa hipótese... Porém, Rodrigão ficou marcado pelo segredo que guarda até hoje. E só a confusão que o Diogo fez já valeu boas risadas!
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O GLOBO: Como manter o ânimo depois de tantas edições?
BIAL: Faz parte do jogo a peteca cair. Quando cai, a gente abaixa e pega. Somos teimosos. Teve um momento em que twittei o final de “Blow-up”, de Antonioni. Eu sou o fotógrafo e os mímicos do tênis, os participantes. A partir da capacidade de invenção deles, a minha imaginação incendeia e aí se estabelece o círculo virtuoso. A minha disposição é sempre a mesma. Talvez um problema da 11º edição tem sido a superlotação. A casa ficou muito cheia durante muito tempo, e isso dificulta a identificação do público com os indivíduos. E o Big Brother glorifica o indivíduo.
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O GLOBO: No Twitter, muito se comentou sobre seu posicionamento no jogo. Você chegou a receber críticas por isso? Acredita que emitir ou transmitir suas impressões, opiniões, carinho ou simpatia (ou falta dela) aos brothers interfere diretamente no programa?
BIAL: Sobre Diogo, eu usei, de forma solidária, as palavras que ele disse sobre si mesmo: “chato e insuportável”. Antes de Paula, o “repórter” da casa era Lucival: “ Lucival, quais são as últimas?”, eu perguntava quase que invariavelmente. Divana é um dos duplos dos bróderes, assim como Painho, Drigon, Dotô... A medida que garante que estou na posição certa, honesta, ou se quiserem, “imparcial”, é o fato de que todas as torcidas gritam que eu protejo outros. Se todas as torcidas reclamam que sou parcial, não há melhor prova de minha imparcialidade, pois não?
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Essa entrevista saiu na edição da Revista da TV que também recebo em minha casa, mas estou no computador desde ontem, e nem fui lá fora pegar o jornal ainda. Então encontrei a entrevista já digitada num blog.
Dada essa explicação, créditos ao Big Blog
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Vejam novamente, a opinião de Pedro Bial sobre Maria. Ninguém pode negar que ele melhor do que ninguém conhece de perto os brothers e pode falar com propriedade sobre eles.
“BIAL: Maria é um fenômeno por seus próprios méritos, pessoais, intransferíveis e incomparáveis. Seu encanto não vem apenas de seus atributos físicos, sua graça, seu charme, seu sorriso luminoso. Maria é de verdade, e se entregou totalmente à brincadeira, não ficou regulando. Esqueceu as câmeras e viveu, intensamente, a vida compactada em três meses que é o BBB. Isso é que é “jogar bem”, e não ficar contando votos, tramando estratégias para não ir ao paredão, ou fazendo histrionices e canastrices.”
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