Marcelo Dourado: Vivendo e aprendendo a jogar

Vencedor do BBB10 e um dos principais atletas da cena de MMA (Mixed Marcial Arts), Marcelo Dourado desembarca em GoiĆ¢nia no dia 17 para o High Fight Rock. Ele foi bailarino na infĆ¢ncia e encontrou nas artes marciais uma forma de defesa e seu principal meio de vida. 

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Entrevista: Spot

CiƧa Carvello

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Como comeƧou sua histĆ³ria nas artes marciais?

Comecei por necessidade, o bairro onde morava era alvo de assaltos e brigas de gangues constantemente, quando eu era pequeno. Estudei sempre em escolas pĆŗblicas, e isso significa brigas no final do perĆ­odo. Somado a esse cenĆ”rio, minha mĆ£e era professora de danƧa, e eu, aluno... significa hoje o que chamam de bullying, mas na minha Ć©poca era chamado de encrenca, nĆ£o entendia o mundo masculino nesta Ć©poca, muito menos de luta. Por isso, apanhei por quase uma dĆ©cada, atĆ© ir morar com meu pai.

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Como vocĆŖ entrou para o mundo da luta?
Pedia ao meu pai, que jĆ” era faixa preta de caratĆŖ shotocam, que me ensinasse os segredos do caminho das mĆ£os limpas. Foi um ano de dedicaĆ§Ć£o e estudo para a arte oriental. Eu e meu pai abrimos uma clareira na mata, treinĆ”vamos formas, catĆ”s e cumites, depois tomĆ”vamos banho gelado no rio que cortava a fazenda. Quando voltei a morar com minha mĆ£e, me matriculei no judĆ“, onde conheci meu sensei Fernando Lemos, que se tornou meu segundo mestre e grande incentivador do MMA, que Ć  Ć©poca se chamava vale tudo. Comecei a treinar artes mistas, primeiro para me defender, depois para competir. Foi assim no judĆ“, no MMA, no jiu jitsu e em todas as artes que pratiquei.

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Qual tipo de arte marcial vocĆŖ mais gosta de praticar?
Na verdade, sou um apaixonado, melhor, um nerd de artes marciais. Acho que o equilĆ­brio entre as diferentes artes Ć© o que mais gosto. Para mim, o judĆ“ e o jiu jitsu se completam, uma vai onde a outra nĆ£o tem tempo de explorar, considero a mesma arte, com enfoques diferentes. O boxe e o muay thai me dĆ£o velocidade e deslocamento, fora a noĆ§Ć£o de ataque, distĆ¢ncia e defesa em pĆ©.

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Qual a importĆ¢ncia do esporte em sua vida?
Toda. NĆ£o sei onde estaria sem as artes marciais, sua disciplina, cĆ­rculo de amizades e oportunidades geradas. Me criei muito nas ruas. As promessas de dinheiro fĆ”cil ou crime sempre estiveram presentes na minha infĆ¢ncia e adolescĆŖncia. Muitos tinham as artes marciais como referĆŖncia e com certeza isso fez a diferenƧa. Nunca fui agressivo, mais sim de uma energia interminĆ”vel, e muito contestador e irĆ“nico, o que jĆ” Ć© o bastante para ter a fama de encrenqueiro.

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Como decidiu se tornar um lutador profissional?
Entrei em uma faculdade de EducaĆ§Ć£o FĆ­sica incentivado pelo conhecimento que poderia agregar ao que jĆ” tinha em relaĆ§Ć£o Ć s lutas. Estagiei no judĆ“ por trĆŖs anos e para quatro senseis, fui monitor em creches de Porto Alegre. Quando recebi meu canudo, iniciei minha jornada como lutador de MMA profissional, o que me abriu muitas portas, uma delas foi a de participar do BBB 4 .

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Quais as maiores dificuldades do esporte?
O que falta Ć© apoio, nossa profissĆ£o ser regulamentada, sem cartolas se aproveitando da situaĆ§Ć£o; projetos sociais na Ć”rea de esporte, porque existe preconceito e falta de informaĆ§Ć£o sobre as lutas como esporte. Alguns lutadores se desvalorizam na esperanƧa de um dia lutarem em eventos internacionais, e com isso vĆ£o perdendo saĆŗde, tempo e dinheiro em muitas das competiƧƵes que nĆ£o levam a lugar algum. Precisamos de eventos sĆ©rios, bem produzidos e investimentos mais abrangentes, em vĆ”rias Ć”reas e nĆ£o sĆ³ as ligadas Ć  luta.

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VocĆŖ participou duas vezes do BBB , se consagrando campeĆ£o da segunda vez. Que filosofia do esporte conseguiu levar para dentro da casa e de que forma o fato de vocĆŖ ser um atleta ajudou, seja na convivĆŖncia com os participantes ou nas provas de resistĆŖncia?
Me ajudou muito no aspecto de disciplina e autocontrole. Disciplina para lutar, mesmo estando sem vontade ou cansado. O BBB Ć© difĆ­cil, muita pressĆ£o psicolĆ³gica e tĆ©dio ao mesmo tempo. Ɖ preciso ter muito autocontrole, pra manter o equilĆ­brio, sair com bom humor de tentativas de provocaĆ§Ć£o, nĆ£o gritar e resistir Ć  tentaĆ§Ć£o de dar uns tabefes de vez em quando.

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Fonte: O Popular - Spot

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